sábado, 9 de fevereiro de 2008

Eskaton - 4 Visions (1979)


Impressionante ver que Christian Vander fez escola e o melhor, uma excelente escola. É notável no som de Eskaton a influência do Magma, no que tange ao uso da repetição de enunciados (mantras) e nas escolhas de temáticas lúgubres e mórbidas, contudo as semelhanças param por ai. Eskaton consegue uma obra inteiramente original e seu lugar no panteão do Zeuhl passeando por uma gama notória de ritmos e texturas sonoras. A banda viaja entre momentos mais reflexivos e outros de puro punch com trechos viscerais bem funkeados e alucinantes. O som está impressionantemente limpo, fruto de um bom trabalho de produção. Dificil dizer qual é o destaque neste disco, até porque aqui não há nenhuma exacerbação virtuosa de nenhum componente, todos estão comedidos e eficientes, pelo contrário, o efeito virtuose é conseguido com o trabalho em equipe, mas se posso dizer, as escolhas dos timbres do synth de Gilles Rozenberg foram extramente felizes e as performances de Paule Kleynnaert e Amara Tahir nos vocais estão impecáveis. O fato da banda cantar na lingua francesa e não na linguagem kobaïan lhe confere um requinte sonoro carregado de uma "aura francesa" que só adiciona mais beleza e originalidade ao disco. Não é nem necessário frisar a grande carga de lisergia presente na obra que mixa um tema "sci-fi" a um lado "religioso" (assim como o Magma) com doses nada homeopáticas de psicodelia e insanidade. Eskaton é uma redução do nome "ESKATON KOMMANDKESTRA", primeiro titulo da banda, que se refere a uma antiga lenda alemã sobre a criação ciclica divina da humanidade o que é destrinchado nessas 4 visões da genese humana em uma construção lírica pra lá de bizarra e surreal (imagine as letras do Camembert Eletrique do Gong em frances). O momento mais brilhante do Zeuhl depois, evidentemente, de Magma.


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